SINDPEFAETEC em entrevista ao Jornal EXTRA (16/10)

ETE República – Quintino – Foto: Rafael Moraes / EXTRA
Falta comida e sobra lixo para todo lado. O cenário de caos fica na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) de Quintino, a maior da rede. E a crise se estende à maioria das 130 escolas da rede, que atende 300 mil alunos. Na unidade de Imbariê, em Duque de Caxias, para usar a quadra esportiva, na semana passada, os estudantes pegaram em vassouras, baldes e panos. Em Quintino, pais e alunos tentam suprir a falta de material, mas a sujeira deixa evidente que a situação está crítica.
“Por favor, tragam almoço a partir de terça-feira (11/10), pois teremos aula normal. Disponibilizaremos o micro-ondas para o aquecimento”. O lembrete foi colocado no quadro de avisos e assinado pelo diretor da Escola Técnica Estadual Juiz Luiz do Nascimento, da Faetec em Nova Iguaçu.

Gabriela Laurindo, coordenadora do SINDPEFAETEC, mostra aviso sobre falta de comida Foto: Rafael Moraes / Extra
Com salários atrasados, em alguns casos há mais de cinco meses, funcionários terceirizados não estão conseguindo ir trabalhar. A falta de pessoal tem inviabilizado o funcionamento normal das unidades, onde faltam profissionais de segurança, de limpeza e para preparar as refeições.

Em Quintino: unidade está sem limpeza Foto: Rafael Moraes / EXTRA
Revezamento de turno
A suspensão das refeições levou a unidade de Quintino a fazer revezamento de turnos: os alunos que seriam do integral estudam só de manhã numa semana e, na outra, à tarde. Lá, o clima é de abandono, com lixo espalhado e sem segurança. Sem receber, as equipes de limpeza e de vigilância patrimonial pararam de ir trabalhar. Para não passar fome, a estudante do 2º ano de Produção e Moda, Larissa Oliveira Fernandes, de 19 anos, leva quentinha.

Piscina da unidade está sem água Foto: Rafael Moraes / Extra
Para alunos do 3º ano, como Pedro Miguel Toledo da Silva, de 18 anos, que cursa Telecomunicações, a principal preocupação é com o Enem. Por conta da greve dos professores de mais de cem dias, o ano letivo só tem previsao de acabar em abril de 2017.
— A escola entrou num estado de calamidade — reclama o jovem, que, para não ficar em desvantagem, entrou num cursinho e reforça os estudos em casa, por conta própria.

Entulho acumulado na unidade de Quintino: aspecto de abandono Foto: Rafael Moraes / Extra
Ações trabalhistas
Há cinco meses sem o salário de R$ 1.200, o monitor Ronaldo Fonseca, de 56 anos, morador na Pavuna, só conta com a aposentadoria da mulher, de R$ 1 mil. Até o mês passado ainda recebia R$ 345 do auxílio-alimentação e o vale-transporte. Agora, nem isso.
— Parei de trabalhar semana passada, quando acabou o vale-transporte — disse o terceirizado da ETE Quintino.
Segundo Antônio Carlos da Silva, presidente do Sindicato dos Empregados das Empresas de Conservação e Asseio, são mais de duas mil ações dos terceirizados na Justiça, 700 só da empresa Prol, que rompeu o contrato sem pagar indenizações.
Os efetivados, entre eles professores, recebem com atraso desde janeiro, segundo a presidente do Sindicado dos Profissionais em Educação da Faetec, Gabriela Laurindo. Procurada, a Faetec se limitou a repetir a nota que está em seu site desde o dia 7, na qual diz repudiar o corte da entrega dos gêneros alimentícios, sem aviso prévio, e que o último repasse às empresas foi em agosto. Sobre os terceirizados, informa que aguarda “fluxo de caixa” para quitar as parcelas atrasadas. É a mesma resposta da Secretaria estadual de Fazenda. A Prol disse que já rescindiu o contrato. Na terça-feira, alunos da Faetec planejam protesto em frente à Alerj.